Quem foi que disse?

Quem foi que disse que o nosso futebol nunca foi destaque, que o Rei Pelé sempre andava lotado, que os clássicos entre CRB X CSA parava Maceió e mexia com Alagoas inteira? Sempre foi assim, numa época que não tinha TV, aonde tudo era muito diferente do que é hoje. Outro dia, ouvindo a Rádio Gazeta, como de costume, não lembro agora o comentarista, tenho a impressão que foi o Antônio Torres, falando sobre o clássico, ele citou que muita coisa mudou, desde o tempo em que ele veio de Pernambuco para Alagoas, Isso lá pelos idos da década de 1970. Ele lembrava que as praias eram diferentes, estruturalmente diferentes, "pegar uma praia", era ir com a família, prioritariamente na praia da Avenida, com aquele "coreto", aonde tinha um bar e célebre churrascaria do "Gaúcho", aonde uma parcela dos que frequentavam a praia almoçava. Voltar para casa não era problema. Maceió não passava das 400 mil pessoas, ainda não havia as grandes "cidades" vizinhas, como Benedito Bentes, Cidade Universitária, Clima Bom e etc e tal. Os jogos eram às 17 horas, não havia jogos pela TV, somente o rádio à endoidar quem ficava em casa, com os narradores, cada um criando suas fantasias e bordões, como era bom ouvir Sabino Romariz, Natan Oliveira, Adilson Couto, Reinaldo Cavalcante, José Carlos Campos e Arivaldo Maia, este último, para a nossa satisfação ainda continua na ativa na imprensa esportiva alagoana. Quem foi que disse, os públicos quando era de dez mil pessoas em clássico como esse,entre CSA X CRB,  toda a impressa e torcida ficava decepcionada. Hoje, quando chega dez mil, soltam rojões, sinais dos tempos! Aliás, gostaria de dizer para os mais novos, jogos na TV, somente os decisivos, a primeira TV em Alagoas, foi a Gazeta, em 1975, mas só entrava no ar às 14 horas. Aqui em Maceió, como no interior, pegávamos ou as TV do Recife ou de Aracaju, mas futebol, somente nas fases decisivas, mas era o futebol do Rio e São Paulo, somente isso! Tudo isso fazia do nosso futebol uma alegria, as pessoas iam mesmo, clássico entre CRB X CSA, era comum públicos acima de 20 mil torcedores, não havia concorrência como existe nos dias atuais, até mesmo no interior, o recorde de uma decisão no interior em público e renda foi um ASA 1 X 2 CRB, em 1981, no mesmo Municipal, 18 mil pagantes e mais de 2 milhões de renda, veja a força da torcida, esse jogo foi a final do 1º Turno daquele ano. Eu estava lá, fui testemunha ocular da história, tinha seguramente uns 8 mil Regatianos. Nesse dia, o ex-governador Suruagy, Conselheiro do CRB, conseguiu que as empresas de ônibus de Maceió, cedesse mais de 100, isso mesmo, mais de cem ônibus, para invadir Arapiraca, eu vi, eu estava lá! O futebol é a paixão do torcedor, mesmo que o Vôlei tem crescido, o basquete, o futsal, mesmo que as TV transformaram o futebol nisso que estamos vendo hoje, com jogos de manhã, tarde e noite, e ao que parece teremos jogos meia noite, para agradar o mercado asiático, com tudo isso, o futebol ainda é a grande paixão! Mas evidentemente, tudo muda, o romantismo das décadas anteriores foi para o espaço, o perfil do torcedor mudou, as organizadas hoje determinam até os espaços em que vão ficar, a violência impera, o Estado não consegue vencer e neutralizar quem vai para estádio brigar, isso tudo tira o torcedor do estádio. Conheço turmas inteiras que deixaram de ir aos estádios, preferem ficar em casa, nos "sofás-cativa", economizando o ingresso, trocando-os pela paz de casa e sua cerveja gelada bem servida. Mas quem foi que disse que o nosso futebol não é eletrizante, é sim, com muito gosto!