Sobre a polêmica que vem se arrastando desde o
início da série B deste ano, porque a torcida do CRB não compareceu como em
outros campeonatos. Isso tudo é um discurso falso, as pessoas têm que analisar
o contexto como se deram as coisas. Creio firmemente que nos últimos 20 anos, a
torcida que mais cresceu no estado de Alagoas foi justamente a do Regatas, por
vários motivos, um deles a participação por mais de 15 anos na própria Série B.
A partir de 2012, as conquistas de títulos.Em
2016, por exemplo, se não
tivesse perdido o campeonato alagoano de 2014 para o Coruripe, configurando-se
numa enorme zebra na época, o CRB estaria a disputar um Pentacampeonato, isso
não é pouca coisa! Sou professor, e nos colégios por onde ministramos aulas,
faço de vez em quando umas perguntinhas básicas, para qual time o aluno torce
em Alagoas, claro que falta uma metodologia científica na pesquisa, ela é feita
de bate e pronto, mas ali na hora, de forma direta, o alunado na faixa dos onze
anos aos 15, majoritariamente cita o CRB em mais de 80% de preferência clubista
em Alagoas. Claro que isso tem a influência do momento, é o time da moda, está
sempre na mídia, em evidência, isso é fato! Mas a pergunta que não quer calar
é, porque sendo o time da moda, que está na mídia permanentemente, tem uma
média pequena de público pagante na série B? Algumas questões precisam ser
explicadas para não parecer tendencioso na análise, vamos lá: Primeiro, tem com
o objetivo do clube na competição, vai brigar para subir, ou vai querer apenas permanecer?
Isso vai balizar todo o restante, se você briga entre os quatro da frente,
óbvio que a tua média de público vai crescer, se bem que este ano, as médias da
maioria absoluta dos clubes desceram barbaridade, um exemplo foi o Sport
Recife, time de massa, com média de pouco mais 8 mil pessoas, segundo fonte do
Jornal do Commércio. Pois então, se o seu time luta em apenas permanecer, óbvio
que a média será média mesmo, é o óbvio! Segundo, o time do CRB começou
cambaleante, com derrotas em casa, para o Bahia, parecia que o time não daria
liga, e só foi possível com a vinda do Mazola Júnior dá essa liga e apresentar
uma melhor performance no campeonato, mesmo assim, nunca passou do oitavo
lugar, isso dificulta a presença da torcida! Esta coisa de dizer, sempre
aparece na mídia os torcedores do CSA, se fosse o Azulão esse público seria o
dobro, depende meus caros! Não tem torcida, por maior que seja, queira ir a
campo sem um objetivo traçado, esse mito que criaram que a torcida do CSA é
mais presente e apaixonada, cai por terra, quando o CRB vem liderando as médias
de público aqui em nossos estaduais, ou até mesmo quando a competição
chama atenção pelo grau de dificuldades e tem sistemas de disputas diferentes
de pontos corridos. Por exemplo, em 2011 na série C, o CRB teve média de quase
12 mil por jogo, e registrou naquele ano, a melhor bilheteria do Rei Pelé nos
últimos dez anos, jogando contra a Luverdense, colocou mais de 19 mil no
Trapichão. Entre 2011 e 2015, dos dez melhores públicos do Rei Pelé, o CRB está
em pelo menos sete destes jogos, então não existe essa de time de torcida que
não comparece, isso é coisa de torcedor, principalmente a do CSA, coisa de
apaixonado. Neste domingo mesmo, vendo de relance Flamengo e Ponte Preta, no
Mané Garrincha em Brasília, estádio vazio, as moscas, cadê a torcida fanática
do Flamengo? Com uma campanha bisonha, qual o rubro-negro que vai sair de casa
para ir a um estádio de futebol para ver o atual time do Flamengo? Entre verdades
e mentiras, temos que entender que o futebol é momento, quem estar melhor leva
mais gente mesmo, agora quando vai mal, ou não se tem grandes objetivos numa
competição, como foi esta do CRB, o torcedor segura mais um pouco, para ver se
dar para reagir e brigar por algo mais, é assim e sempre será! Outra coisa que
faz termos refluídos em público, aqui e alhures, são alguns ingredientes a
mais, como violência, jogos transmitidos pela TV para mesma praça, conforto,
uma série de situações que torna a ida do torcedor ao estádio algo complicado. Vejamos
a nossa cidade de Maceió, ampliou-se, cresceu, saltou de pouco mais de 400 mil
habitantes em 1982 para mais de um milhão e duzentos mil hoje, bairros foram
construídos longe do centro, do estádio, quer dizer, para um torcedor sair do
Carminha, no entorno do Complexo Benedito Bentes, para um jogo noturno, por
exemplo, significa que este torcedor só vai retornar para casa no dia seguinte,
perto da uma da manhã, tendo que neste mesmo dia ele tem que acordar cedo, para
ir pegar no trampo. Reflitam comigo, numa situação como essa, você iria ao
Trapichão? Claro que você pensaria duas ou três vezes, e mais, sabendo que o
barzinho da esquina passa o jogo ao vivo, ou o próprio torcedor possa ter uma
assinatura de TV a cabo e ele mesmo tenha esta comodidade em casa, tem que ser
muito irracional para ir há um jogo assim, claro que eu estou me reportando ao fato
do CRB não ter brigado para subir de divisão, o que leva o torcedor a raciocinar
assim. Tudo isso coloque aí a violência, quem mora em qualquer lugar anda paranoico,
preocupações com a violência do dia a dia, preocupado também com a violência das
chamadas organizadas, o problema não dentro do estádio, e sim em seu entorno,
no percurso até chegar a ele. O ano desses aí, fui de ônibus assistir um jogo
do Regatas, com meu filho, no caminho, em frente ao antigo Cine Ideal, alguns
membros da Mancha Azul, esperava os torcedores da Comando, com pistolões
caseiros, foi um desespero para quem ia para qualquer lugar, foi desespero para
aqueles que iam ao estádio torcer pelo seu time, e de repente estavam no meio
de uma briga de organizadas, ainda bem que o carinha da Mancha não conseguiu
acender o pavio da bomba, imagine o estrago que seria aquilo, podia matar um,
principalmente porque eles colocam pregos e bolas de gude dentro destas bombas
caseiras. Lembram daquele torcedor que perdeu a visão de um dos olhos em um
jogo entre CRB e Sport Recife aqui no nosso Rei Pelé? Eu pergunto, ele ainda
vai aos estádios, e sua família, quer dizer, acaba afastando todos que gostam
de futebol, isso leva também a termos públicos mais e mais reduzidos. Para quem
já teve um Rei Pelé com mais de 34 mil pessoas vibrando em um CSA X CRB na década
de 1970, hoje em dia as pessoas vibram porque comparecem 12 mil, a algo de
errado amigo, e não é com a torcida do CRB!
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